Um pequeno passo
Primeiro relato oficial. Enjoy!
1 de Agosto
Da partida
Todas as partidas acabam por processar-se da mesma forma, creio.
Há a luta para deixar tudo arrumado, certificar que todos os documentos estão a jeito, etc. O habitual. Lá deixei o meu quartinho à mercê dum okupa de 16 anos, e como última experiência de condução em terras lusas, vai de levar a família até Lisboa.
Jantámos com os primos na Cervejaria Trindade, consta que o bife estava bastante bom e seria sem dúvida a última refeição decente durante alguns dias. Como recuerdo, o primo João Paulo puxou uns cordelinhos e arranjou-me dois copos de imperial da referida cervejaria. Não convém é andar a mostrá-los a pessoas que acham uma cerveja de 30 cl “minúscula”...
Após uma aventura para chegar ao aeroporto e conseguir encontrar a entrada do estacionamento (e a culpa não foi minha, limitei-me a seguir os primos) lá começou aquele protocolo do check-in e da proverbial seca à espera que se aproximassem as 2h da matina. Raio de hora para voar!
Despedir da família, um “até já” válido por largos meses, e eis-me a passar pelo controlo de segurança (não muito apertada, sorte a minha voar antes daquela confusão em Londres) e o Tiago Simões segue viagem...
2 de Agosto
Da viagem
No vôo até Amsterdão, bastante pontual, viajavam dezenas de ucranianos.
Um deles, sentado a meu lado e visivelmente desapontado com uma pequena confusão no embarque (coisa mínima) murmurava com aparente impunidade uma expressão tão nossa conhecida: “Foda-se!”
Queria ter fotografado a cara dele quando eu próprio soltei o meu “foda-se” ao apagar das luzes na cabina. Só queria ler o meu jornalinho.
A escala em Amsterdão foi terrível. Tudo bem, o terminal está cheio de sofás muito confortáveis, estilo “Morangos com Açúcar” sem a violência cromática, mas eu precisava de me manter acordado. Vai daí, uma dose de chá preto enquanto esperava.
1.80 EUR por água aquecida em copo de plástico e eu que me amanhe com o saquinho... guardei o recibo e vou emoldurá-lo.
Vagueei pelo terminal durante horas até ter porta de embarque para o segundo vôo, estava extremamente aborrecido e só me distraía com a diversidade étnica que também vagueava nas proximidades.
O vôo até Riga decorreu normalmente, sem grande coisa a registar. O desafio consistiu mais em esperar uns valentes 20 minutos pela porra da mala.
E ao franquear a porta...
Da chegada
A Monta, jovem letã que estudou em Aveiro no ano lectivo transacto, foi buscar-me ao aeroporto na companhia (à boleia, portanto) duma amiga, a Anitra. Por acaso, ou não, reconheci facilmente a figura, porque uma letã em Aveiro não passa despercebida.
Aparentemente, também é fácil reconhecer um português na Letónia.
Apresentações feitas, tratámos de almoçar e lançámo-nos em busca do dormitório em Rēznas iela (*). Demorou uma eternidade.
A descrição do dormitório e da zona envolvente estará disponível brevemente.
Dei entrada no dormitório, pousei a minha tralha, e entretanto o carro da Anitra resolveu arder, o que é sempre agradável (foi só um fio que queimou, mas segundo o mecânico aquilo podia ter corrido mal, mas mal mesmo...)
Assim que os pais dela vieram buscá-la (o carro ficou) eu e a Monta lançámo-nos nesse abismo que é o trolejbuss 15 (*) e fomos ao centro da cidade, onde tive oportunidade de espantar a minha guia com os meus limitadíssimos conhecimentos da geografia e do idioma locais, tratei de arranjar telemóvel, troquei dinheiro, fui instruído a respeito de transportes (com convite para me deslocar a Salacgrīva no dia seguinte), despedimo-nos, voltei ao dormitório, paguei o mês, “assine aqui onde está a cruzinha faz favor”, instalei-me no quarto 111, comprei uma massa manhosa no Super Netto (espécie de LIDL), comi a dita massa, jurei para nunca mais e fui dormir.
Finalmente. Estava a ver que nunca mais cá chegava...
(*) estes merecem descrição mais cuidadosa
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